As novas diretrizes para o setor vão orientar a conduta dos profissionais de saúde na rede pública e privada do país
O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, lançou na noite dessa segunda-feira (4), na capital fluminense, as novas diretrizes nacionais para o rastreamento do Câncer do Coloco de Útero. Uma das novidades é a ampliação da faixa etária da população a ser submetida ao exame preventivo, que antes era dos 25 aos 59 anos, e, agora, segue até os 64 anos de idade. O documento foi divulgado durante a abertura do 14º Congresso Mundial de Patologia Cervical e Colposcopia, que reúne mais dois mil profissionais do mundo inteiro.no Rio de Janeiro.
De acordo com o secretário, o Ministério da Saúde está em uma busca incansável para aumentar o acesso e a qualidade dos exames preventivos e de diagnóstico. Para tanto, nos próximos três anos serão investidos US$ 5 bilhões na área de câncer. “Vamos organizar as redes de atenção à saúde nos vários territórios, com fluxos definidos e o atendimento centrado na atenção primária. A nossa meta é reduzir drasticamente os casos e a mortalidade por câncer, evitando o sofrimento”, destacou.
Durante o discurso, o secretário explicou que entre as novas diretrizes é recomendado que o intervalo entre os exames deva ser de três anos, após dois exames negativos, com intervalo anual. O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o exame de Papanicolaou, popularmente conhecido como preventivo. O procedimento identifica lesões que antecedem o câncer, permitindo o tratamento antes que a doença se desenvolva. A coleta de material deverá ser feita a partir dos 25 anos de idade. Os exames preventivos devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos, nos últimos cinco anos. No caso das mulheres, com mais de 64 anos e que nunca realizaram o exame, devem ser feitos dois preventivos com intervalo de um a três anos. Se os dois resultados forem negativos, essas mulheres poderão ser dispensadas de exames adicionais.
“Estamos também investindo em treinamento de profissionais. O que nós queremos é que cada brasileira tenha acesso igual ao diagnóstico e ao melhor tratamento que possa ser oferecido”, afirmou o secretário ao exemplificar que a mulher que vive na Amazônia tem duas vezes mais casos câncer em relação às moradoras da região Centro-Sul. Para ele, isso significa dificuldades de acesso ao serviço em algumas regiões do país. As novas diretrizes fazem parte de uma ação conjunta entre o ministério, o seu órgão vinculado o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a Universidade Federal do Rio de Janeiro e as sociedades médicas.
A ampliação da faixa etária para o rastreamento do câncer do colo do útero, segue a tendência internacional relacionada ao aumento da longevidade. Hoje as brasileiras têm expectativa de vida até os 76 anos. “O novo protocolo vai dar clareza ao médico para um diagnóstico precoce e qualificado. Nós temos clareza que é possível o Brasil também alcançar excelência em câncer, a exemplo de outros programas”, ressaltou Helvécio Magalhães.
INCIDÊNCIA: O câncer do colo do útero é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama. Também é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, faz 4.800 vítimas fatais e apresenta 18.430 novos casos, conforme as estimativas de câncer do INCA. Diante desse quadro, o INCA em parceria com o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IGUFRJ), da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC) e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) produziram a elaboração das novas diretrizes para o rastreamento do câncer de colo do útero no país. O texto foi disponibilizado para Consulta Pública no período de 21 de fevereiro a 23 de março de 2011 e, logo após a incorporação das contribuições dadas pelos profissionais de saúde, foi realizada a revisão final para o lançamento das novas diretrizes.
As novas diretrizes fazem parte do Plano Nacional de Fortalecimento das Ações de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer do Colo de Útero, do Ministério da Saúde, lançado pela presidenta Dilma Rousseff, no último mês de março. O plano prevê, ainda, um programa de capacitação de ginecologistas para padronizar o diagnóstico de acordo com as novas diretrizes. No país, o Acre já iniciou a qualificação dos profissionais e outros 13 estados iniciam a criação de centros regionais de qualificação dos profissionais.
Por Valéria Amaral, da Agência Saúde.
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