quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mulheres se rendem à tatuagem


Neide Carlos
De cada dez pessoas que procuram os estúdios para fazer tatuagem, sete são mulheres. A tatuagem passou a ser chique e sensual. Na foto, Angelita, que recebeu prêmios de projeção internacional pelo deus hindu em suas costas
Tatuar o corpo está na moda. E ninguém acompanha mais a moda do que as mulheres. Então, a conclusão lógica é que as mulheres estão procurando mais os estúdios de tatuagens do que os homens, certo? Certíssimo!

Estimativas apresentadas por tatuadores de Bauru dão conta de que cerca de 70% da clientela é formada, atualmente, por mulheres. E, ao contrário do que também se possa imaginar, o público feminino não é composto apenas por jovens, mas também por senhoras, inclusive, de 75 anos.

O que no passado era uma prática associada a marginais e marinheiros, agora ganhou novo status e novo público. Passou a ser sinônimo de modernidade. Deixou de ser delinquente para ser ‘chic’ e sensual.

Para Johnny Tattoo, tatuador há 30 anos, muito dessa transformação deve-se ao culto às personalidades e à influência da TV no comportamento de boa parte da população. Famosos passaram a exibir suas tatuagens publicamente sem medo nem vergonha. Isso incentivou muitos fãs a fazerem o mesmo, o que disseminou a prática.

Segundo ele, a mudança foi tão drástica que, hoje, parece que a minoria é formada quem não tem tatuagem. “Quando estamos na praia, é difícil encontrar uma pessoa que não tem tatuagem”, observa. Na opinião dele, diante dessa disseminação da tattoo, a tendência é que ela permaneça na moda por muito tempo ainda. De acordo com a análise dele, como tornou-se comum, muitos irão ver a tatuagem do amigo e querer fazer uma também.

A expansão explica-se também, segundo Johnny, pela qualidade do trabalho que é feito hoje nos estúdios. De acordo com ele, os tatuadores passaram a ter acesso mais fácil a materiais de melhor qualidade, como tintas e agulhas, por exemplo, além de contato mais imediato (possibilitado pela Internet) com as novas técnicas e ideias vindas dos principais centros de tatuagens, que são os Estados Unidos e Europa.

O mais comum, segundo ele, é as mulheres começarem com uma tatuagem pequena e depois ir aumentando aos poucos. Com os homens é diferente. Eles já começam com um desenho médio ou grande. Segundo Johnny, isso explica, em partes, porque os homens fazem menos tatuagens do que as mulheres. Elas fazem várias pequenas e eles poucas, mas grandes.

“Enquanto as mulheres fazem duas e até quatro de uma vez, o homem faz um fechamento de braço, perna ou costas. As mulheres fazem em maior número e os homens em maior tamanho”, relata o tatuador Miguel Dimas Lourenço Filho, da Tatuaria Brasil.

Segundo ele, a tatuagem ganhou uma grande evidência na parte estética. Por isso, na avaliação dele, o mercado vem crescendo principalmente entre as mulheres.

Pelas estimativas do também tatuador Robson Rogério Castilho, do estúdio RR Art’s Tattoo, a presença feminina ficou mais evidente há cerca de três anos. Segundo ele, a preferência delas é por flores, pimenta, borboletas e arabescos.

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“Tatuagem é uma coisa que vicia, você não para”

Acácia Fernanda da Rocha e Silva, 29 anos, sempre gostou de tatuagens. Quando completou 18 anos, decidiu fazer uma. Ela conta que naquela época não era comum ver pessoas tatuadas, a não ser na televisão. Nas ruas, ainda havia muita discriminação.

Indiferente às manifestações contrárias, Acácia foi até um estúdio e pediu que tatuassem uma orquídea na perna, um pouco acima do tornozelo. Ela ficou tão empolgada com o resultado que 15 dias depois voltou ao estúdio para acrescentar três estrelas ao desenho.

Mesmo assim, não se deu por satisfeita e, poucos dias depois, estava ela sendo novamente tatuada. Desta vez, nas costas, onde colocou o desenho de um cavalo alado. Insatisfeita, mais tarde, trocou o cavalo por uma fênix. E, desde então, não parou mais.

“Tatuagem é uma coisa que vicia. Depois que você faz a primeira não para mais”, afirma ela. Atualmente, Acácia tem 13 tatuagens espalhadas pelo corpo. A maioria feita pelo marido Robson Rogério Castilho, que é tatuador. A mais recente é um arabesco (ramos) feito nas costas há cerca de três meses.

A empolgação dela contagiou até a mãe, Arlete, resistente no começo, mas que há cinco anos sucumbiu ao desejo de também fazer uma. Se a mãe não tem nenhuma intenção de fazer outra, o mesmo não pode ser dito da filha. “Toda vez que vejo uma revista de tattoo dá vontade de fazer outra”, diz Acácia.

Angelita Prado é outra apaixonada pela decoração corporal, a ponto de ter toda a costa tatuada. O deus hindu ‘esculpido’ na pela lhe rendeu dois prêmios de projeção internacional, um em 2007 e outro em 2008. Ela conta que a tatuagem demorou um ano para ser concluída. A exemplo de Acácia, Angelita também foi tatuada pelo marido.

Ela afirma que, apesar do desenho chamar a atenção pelo tamanho, ela nunca sofreu qualquer tipo de preconceito. Ao contrário disso. “As pessoas sempre elogiam”, conta.
Fonte: http://www.jcnet.com.br/

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