São Francisco do Conde teve PIB per capita de R$ 360 mil em 2009.
Pesquisa mostra que participação de São Paulo, Rio e Brasília cresceu.
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Jamili está desempregada há três anos (Foto: Egi Santana/G1)
A realidade de São Francisco do Conde, no interior da Bahia, não faz justiça ao dado mais recente do Institito Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o município. Ele ocupa o topo do ranking do PIB per capita (Produto Interno Bruto dividido pelo número de habitantes) em 2009, com um valor de R$ 360 mil por morador. Entretanto, na cidade faltam empregos, saneamento básico e leito de UTI.saiba mais
A cidade tem pouco mais de 33 mil moradores e ganhou destaque no ranking do PIB das cidades brasileiras por ter instalada em seu território a refinaria Landulpho Alves, a segunda maior em capacidade instalada de refino do país. O PIB total em 2009, em valores correntes, foi de R$ 11.437.501,10, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (13).Mais cedo, o IBGE divulgou os dados sobre o PIB dos municípios em 2009. Segundo o levantamento, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília ganharam participação no PIB nacional. As três cidades, mais Belo Horizonte e Curitiba, sozinhas, concentravam 25% de toda a riqueza produzida no país naquele ano.
A prefeitura de Monções estima que 45% da população seja atendida por algum programa de transferência de renda, seja municipal ou federal. Além disso, 7 mil habitantes são funcionários públicos, o que representa 21% da população. Ao todo, 66% dependem do poder público para viver, seja com empregos diretos ou com programas de transferência de renda.
Encontrar emprego é problema na família de Jamili Conceição dos Santos, de 23 anos. Ela vive com o marido e a filha de dois anos em uma casa popular com uma renda de R$ 433, oferecida por um programa social da prefeitura. “O que dá para comprar com esse dinheiro? R$ 160 vai para o aluguel, mais água, luz, gás e o que eu compro para dar de comer a minha filha”, diz.
Mulher caminha ao lado de muro com pichação. Rua fica em São Bento, bairo na periferia do município, onde mora a família de Jamili Conceição dos Santos (Foto: Egi Santana/G1)
Desempregada desde quando engravidou, em 2008, ela acredita que o problema é a falta de oportunidades. “O principal problema não é nem o dinheiro que é dado. Dinheiro não deveria nem ser dado. O problema é o emprego. Esse, que é o bom, nós não temos. E principalmente se for mulher”, afirma.A mãe de Jamili, Dona Juvânia Moreira da Conceição, de 47 anos, diz que outros três dos seus filhos também estão desempregados na cidade, dependendo exclusivamente do salário mínimo dela como auxiliar de serviços gerais da prefeitura e mais R$ 70 do Programa Bolsa Família.
De acordo com o secretário da Fazenda do município, Marivaldo Cruz do Amaral, o problema da baixa oferta de emprego acontece porque a renda da cidade gira basicamente em torno dos royalties do refino do petróleo, da pesca e do pequeno comércio local, o que contribuiu para a geração de um outro problema: o do número elevado de funcionários públicos.
“Talvez por conta dessa dificuldade em criar novos postos de trabalho tenha surgido a necessidade de o município tentar abraçar o maior número de funcionários possíveis e já ter passado dos 13 mil funcionários públicos em anos passados”, diz Amaral. Hoje, segundo o secretário, São Francisco do Conde possui 7 mil funcionários públicos, sendo 4.147 contratados ou em Regime Especial de Direito Administrativo (Reda).
Educação e Saúde
De acordo com dados do Censo 2010 do IBGE, São Francisco do Conde tem um índice de analfabetismo de 10%, próximo da média do país, que é de 9,7%. De acordo com as informações da prefeitura, o município possui 54 escolas de ensino fundamental, e todas as crianças em idade escolar estão matriculadas na rede de ensino.
Na saúde, a cidade conta com um hospital municipal, com a maior parte do financiamento oriundo da prefeitura e 13 unidades do Programa de Saúde Familiar (PSF), sustentado também com a maior parte da renda da prefeitura, segundo a prestação de contas apresentada pelo município.
Questionada sobre os serviços, Laís Oliveira, que levava para uma consulta pediátrica a prima Mariele Vitória, de um ano, classificou o atendimento do hospital como “bom”. “Às vezes demora um pouco para atender, mas isso é normal no SUS, não é?”, diz a jovem.
Segundo Mario Nogueira, secretário de saúde, “o hospital, hoje com 55 leitos, já começa a sentir necessidade de ampliação, por conta, principalmente, dos atendimentos feitos a pacientes de cidades vizinhas”. Além disso, segundo Nogueira, a proposta é que ainda em 2012 sejam instaladas as primeiras unidades de terapia intensiva do hospital.
Barro e sujeira
Dona Maria Eloísa da Conceição, 57 anos, diz que, apesar de ainda ter localidades com chão de barro, a situação já foi pior na cidade. “Há uns três meses, aqui mesmo na frente de casa, quando chovia era horrível por conta da lama. Agora com esse chão de pedra que colocaram a situação já deu uma melhorada”, diz. Maria Eloísa, que é funcionária da prefeitura há 25 anos, diz ainda que os moradores aguardam agora a promessa da prefeitura de levar asfalto a toda a cidade “para acabar de vez com o problema da sujeira”.
De acordo com dados do Censo do IBGE, cerca de 40% do saneamento básico da cidade é considerado inadequado ou semiadequado. Segundo a prefeitura, o levantamento do Instituto foi feito anteriormente às obras recentes de calçamento, pavimentação e saneamento, e hoje já não se vê esgoto a céu aberto na cidade. "Nós entendemos que há um desafio grande, em uma cidade onde ainda há pouca distribuição de renda e muito a ser feito. No entanto, os primeiros passos já estão sendo dados", aponta o secretário.
Rua na periferia ganhou calçamento recentemente, mas moradores ainda reclamam da lama em dias de chuva (Foto: Egi Santana/G1) fonte: g1
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